sábado, 27 de junho de 2015

Bocas




























  Existem bocas de matizes alvas
 ou de sensualidades pretas
Que exalam hálitos de aromáticos cheiros
Cálidas bocas que se encantam por seios
 e corpos alheios
Loucas para se acoplarem
Existem as bocas fechadas nunca beijadas
Bocas que prometem apenas 
num friccionar dos estalos
Trazem na bagagem 
o fruir de carnudos lábios
Inexperientes, ardentes no modo excitar
Existem as bocas sensíveis
As bocas invisíveis desejosas à distância
De lamber os beiços 
com suas gemidas carícias sem se tocar
Existem as bocas beijoqueiras, sapientes
Que te tiram do sério, queira ou não queira
Vão ao âmago do céu da boca 
só pra te provocar
Existem as bocas dengosas, maliciosas
Acariciam-te com sorrisos libidinosos
Tiram-te do sério.
 Bocas sem juízo. 
Apetecem sabores, fontes, orgíacas
Acendem faíscas em seu salivar
Existem as bocas sujas, 
Incitam palavrões aflitos, gritam,
Ferem-te com lanhos línguentos,
 golpes de açoite a te dominar
Existem as bocas de almas aladas,
 não mais escravizadas
Vai às lutas escancaradas - sempre sorridentes
 a procura de gentes
Com seus dentes brancos reluzentes
 a te fazer sonhar
Abocanham horizontes. 
Acasalam pontes. 
Lambuzam-te com afoito.
Num apetitoso paladar
Ainda bem que existem...
Loucas bocas benditas.
 Bocas ricas em estado de cio
Com suas línguas andarilhas 
– em séquitos de fio a pavio
Aventuram-se pelas madrugadas,
 por trilhas e ilhas
Percorrem teu intimo...
 Sedentas... Famintas...
 Orgásticas!
Abocanham-te em plenitude coito,
 quando te encontram à deriva.
Perdida... 
Nas bocas da noite!

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