Existem
bocas de matizes alvas
ou de sensualidades pretas
Que
exalam hálitos de aromáticos cheiros
Cálidas
bocas que se encantam por seios
e corpos alheios
Loucas
para se acoplarem
Existem
as bocas fechadas nunca beijadas
Bocas que
prometem apenas
num friccionar dos estalos
Trazem na
bagagem
o fruir de carnudos lábios
Inexperientes,
ardentes no modo excitar
Existem
as bocas sensíveis
As bocas
invisíveis desejosas à distância
De lamber
os beiços
com suas gemidas carícias sem se tocar
Existem
as bocas beijoqueiras, sapientes
Que te
tiram do sério, queira ou não queira
Vão ao
âmago do céu da boca
só pra te provocar
Existem
as bocas dengosas, maliciosas
Acariciam-te
com sorrisos libidinosos
Tiram-te
do sério.
Bocas sem juízo.
Apetecem sabores, fontes, orgíacas
Acendem
faíscas em seu salivar
Existem
as bocas sujas,
Incitam palavrões aflitos, gritam,
Ferem-te
com lanhos línguentos,
golpes de açoite a te dominar
Existem
as bocas de almas aladas,
não mais escravizadas
Vai às
lutas escancaradas - sempre sorridentes
a procura de gentes
Com seus
dentes brancos reluzentes
a te fazer sonhar
Abocanham
horizontes.
Acasalam pontes.
Lambuzam-te com afoito.
Num
apetitoso paladar
Ainda bem
que existem...
Loucas bocas benditas.
Bocas ricas em estado de cio
Com suas
línguas andarilhas
– em séquitos de fio a pavio
Aventuram-se
pelas madrugadas,
por trilhas e ilhas
Percorrem
teu intimo...
Sedentas... Famintas...
Orgásticas!
Abocanham-te
em plenitude coito,
quando te encontram à deriva.
Perdida...
Nas bocas da noite!
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