segunda-feira, 6 de julho de 2015

UM LINDO CASO DE AMOR






”Um Lindo Caso De Amor”.
E. S. ACADÊMICOS DA ORGIA
 





A NOSSA VERDADEIRA HISTÓRIA              
Por Delma Gonçalves
            CY, guri travesso, como todo bom brasileiro gostava de reunir a gurizada pra jogar bola nos campinhos do bairro. E assim, em cada pelada que ganhavam à farra era geral e as latas de leite em pó eram os tamborins, frigideiras de latas de sardinhas, chique-choque com latinhas de leite condensado e o apito do juiz é que comandava a zoeira.
            Eram guris da Leopoldo Bier, da Domingos Crescêncio, Gomes Jardim, Conde D’eu, até lá da Santana, vinham todos em bandos.
            Seu Miguelzinho, funcionário da Caixa Econômica Federal, com cara de ranzinzo, um pouco rígido com as crianças, mas de bom coração, Ele fingia que não gostava muito dessa folia toda, quando estava sóbrio. Porém, quando tomava umas e outras chamava os filhos para acompanhá-lo no violão , seu passatempo predileto, pois tinha na alma um pouco de poesia, e a música que era dom maior. Compositor nato compunha guaraneas, valsas poéticas, samba-canções e até marchinha de carnaval.
            E seu filho CY, garoto esperto, ritmista por natureza, acompanhava com seu tamborim de latinha, junto com seus irmãos mais velhos, o pai nestas horas. Ou seja, sendo obediente, seu pai deixava-o ir mais tarde fazer suas batucadas, com os guris da redondeza, lá no riacho, lugar meio deserto, onde não incomodava ninguém.
            Um dia seu Miguelzinho, resolveu reunir toda a piazada e disse:
            - Vamos organizar essa bagunça! O carnaval está chegando, fiquei sabendo que vão abrir um coreto na Leopoldo Bier. Eu acho que esta na hora de formarmos um bloco de carnaval guri tem bastante, só está faltando às gurias.
            E é neste momento que a tia Carlinda (com seu sorriso acolhedor e faceiro) esposa de seu Miguelzinho, entra no assunto, pois o que ela mais gostava era ver a casa cheia e nisso seus filhos eram mestres. A caçula Delma, filha única, os dengos do seu Miguelzinho, também tinha um bando de meninas, as primas: Nara, Elaine, Beatriz, as amigas: Cainara, Bete,Rosana, Marília enfim várias coleguinhas, que se reuniam nas tardes, no pátio de sua casa, pra brincar de cantigas de roda, bambolês, casinhas de bonecas, todas aquelas brincadeiras, que naquele tempo era saudável e prazeroso, onde reinava naquela rua familiar, muita paz.
            Tia Carlinda disse:
            -- Das meninas eu cuido.
            Junto com ela as vizinhas resolveram colaborar unindo-se em prol dessa causa.
            Logo o pacto estava feito entre suas amigas: a Dona  Escolástica, Dona Mariazinha, Dona Jurema, Tia Teka, Dona Iracema, Vó dos Scots, Dada dos Guimarães arremangaram as mangas colaborando nos afazeres. Também a tia Maria Lago (seu apelido: Maria Cachacinha) que gostava de tomar uns tragos, mas costureira de mão cheia prontificou-se de fazer as fantasias.
            Até seu Valdemar, vizinho e colega de serviço do pai do CY, resolveu ajudar.
            E assim, seu Valdemar inserido nesta empreitada tornou-se o homem dos negócios e finanças. Delmar e Daniel (irmãos mais velhos  do CY) iriam cuidar da organização das alas. Seu Miguelzinho seria então “o cabeça” dessa história. Num misto de maestro, mestre de bateria era quem dava ordens ao CY (seu ritmista predileto) pra não errar no  compasso, no qual até as músicas eram de sua autoria. Estava feita a festa. Mas, só faltava um nome para este bloco.
            Naquela época tinha os grupos carnavalescos: Bambas da Orgia, Aí Vem a Marinha, Embaixadores do Ritmo, Fidalgos e Aristocratas e muitos outros. Também as Tribos Xavantes, Caetés, Comanches, Tapuias, Bloquinhos das Sociedades: Prontidão, Gondoleiros, Floresta Aurora, sem esquecer-se dos Blocos Humorísticos (homens vestidos de mulheres), que eram as atrações, cômicas e que faziam muita folia: “Saímos sem querer”, “To com a vela”, “O que sobrou da luta”, e muitos outros.
            Havia muitos bairros que faziam carnaval. Mas o do bairro Santana foi indiscutivelmente, maravilhoso e inesquecível.
  
“Este é um pequeno trecho que escrevi contando sobre a Escola de Samba Acadêmicos da Orgia no livro: Cinco Décadas de Samba no Bairro Santana, “Perfil de uma Campeã”, que foi elaborado na ocasião do Jubileu de Ouro de nossa Escola de Samba, em 2010”.

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