terça-feira, 21 de julho de 2015

MULHERES DA MINHA VIDA (DELMA GONÇALVES)



POESIA QUE ESTÁ NO LIVRO VOO INDEPENDENTE 7 DA (AGEI)ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DE ESCRITORES INDEPENDENTES/2008. 
 
Como pássaros em bando foram chegando com seus voos rasantes em majestosas revoadas num armistício de paz. Mulheres que significam muito e de tudo são capazes. Interplanetárias, espiritualistas, metafísicas. Elas chegaram de uma distante galáxia, saltando de asa-delta no quintal de minha morada. Com seus olhares sutis... Profundos... Mulheres do mundo. Em algumas me identifico. Coisas da ciência... A mesma descendência, ou da genética, que nos irmanas são as Carlindas, Alexandras, Gracianas. E assim foram chegando, pluralizando-se em minha vida. Essa vida cotidiana. Com seus nomes diferentes, apelidos sintéticos, que lhes dão fama. Mulheres amigas, fraternas em suas resplandecências. Sim elas têm a chama. Com ares de Madonas infiltraram-se em meu caminho, com suas cores cintilantes, inundando-me de luzes. Elas seduzem. Confidentes carentes, amorosas éticas. Vão abrindo-me as ideias. E fazem do meu futuro laços duradouros. E as que nos momentos de tristeza, tem o dom da palavra. Não fazem melodramas. Dá-me o colo, o ombro amigo, o aconchego que preciso para cada dia da semana. Prestativas, eficientes, traquinas, bem humoradas, sorridentes, intuitivas, independentes. Sem o mito da Amélia (aquela que era a mulher de verdade). Mulheres que para mim não tem idade. Elas permanecem nas visões do dia a dia, joviais, numa louca euforia que relembro com saudade. Ah! Como me fazem falta! No café, no almoço, no jantar, na varanda da minha casa,onde muitas engatinharam, dando seus primeiros passos ali. Simpáticas, afetuosas, sinceras. Cheias de bom humor e cumplicidade, ofertam-me néctar de felicidade. Finíssimas em seus perfis, inteligentes, filosóficas, anjos cabalísticos. Mestras na arte de ensinar, delas sou aprendiz. Fortes decididas com suas lições de vida lembram as mulheres de Atenas. E são de tudo um pouco... Mães, mucamas, para os momentos de reflexão. O céu... Meu chão... A batida do coração. Mulheres femininas em que a beleza está nem suas feições de meninas. Algumas magrinhas. Outras gordinhas, independentes, bem resolvidas. Elas são decididas! E há aquelas que se inseriram em minha vida fazendo-me reviver bons momentos com suas histórias na tela. Vidas cotidianas repetidas nas novelas. Mulheres que sobrevivem dos alheios dramas doando seus talentos e sonhos. E as que vemos no cinema. Elas são perenes, mulheres encantadas, sofrem, choram,se entregam, dão risadas, numa corrente de recados televisivos, globalizados. Solidárias enriquecem-me. E as que me mandam scraps, com seus vocabulários abreviados, linguagens da internet. Num simples "oi" carinhoso que abranda a minha solidão. Assim como num passe de mágica feito uma prece. E como esquecer aquelas que brincam com as palavras e fazem delas uma festa. Sim são as mulheres poetas. Com seus poemas românticos, versos livres, contemporâneos. Todas ecléticas, malabaristas das letras, eles tem maestria. E as com seus brilhos de estrelas que fazem do tom da voz a sonoridade como liturgia. Cantando nos barzinhos, nas boates, no fim de noite, até clarear do dia. Mulheres de peles morenas, pretinhas, sararás, esbranquiçadas, afro descendentes, índias, mulatas. Estrangeiras, poliglotas, numa aquarela abrasileirada. E as que passam por mim anônimas, num aceno de bom dia, no super, no shopping, no cinema, na rua da praia, no Brique da Redenção. Alegrando-me numa simples saudação. Ainda tem as que nos momentos de nostalgia, lavam minha alma. Curam-me das dores com seus acordes musicais. Essas mulheres cantantes, celebridades, com suas musicalidades que me faz no tempo viajar. Assim como a Elis com seu canto de colibri. Não pode faltar. O som de seu acalanto fascina e me faz feliz. Assim elas vão passeando em meu destino, num incontido renascer. Muitas outras virão, algumas irão desaparecer, pelas nuvens do acaso. Com suas imagens inseridas, figuras interativas. Jamais serão esquecidas. Algumas ficarão na fila das entrelinhas deste poema. Sonorizadas tal qual melodia de uma canção, um blues, de um chorinho sem letra embalando meu viver. São aquelas que ainda vou conhecer... Elas enfeitarão a minha última morada com as sementes brotadas num canteiro a florescer... Ah! Essas mulheres de todas as vidas! Elas são as luzes do universo, o majestoso alvorecer. Com seus ventres, seus intelectos e seus sorrisos maternos... O passado e o futuro serão eternos... Esotérico princípio de um infinito permanecer...

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